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Comunicação não Violenta.

Um Caminho para Relações Mais Humanas e Justiça Mais Efetiva

Vivemos em uma sociedade marcada por tensões, mal-entendidos e conflitos — no lar, no trabalho, nas instituições e nas ruas. Muitas vezes, o que acirra essas situações não são apenas os fatos, mas a maneira como nos comunicamos sobre eles. Nesse cenário, a Comunicação Não-Violenta (CNV) surge como uma poderosa ferramenta para promover empatia, compreensão mútua e resolução pacífica de conflitos.

O que é a Comunicação Não-Violenta?

Desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Marshall B. Rosenberg, a CNV é um método que nos convida a rever profundamente como nos expressamos e como escutamos o outro. Em vez de acusações, críticas ou defesas automáticas, ela propõe uma comunicação baseada em quatro pilares:

  1. Observação sem julgamento – Relatar o que aconteceu de forma objetiva.
  2. Expressão de sentimentos – Revelar como nos sentimos diante do ocorrido.
  3. Identificação de necessidades – Compreender quais valores ou necessidades estão por trás de nossos sentimentos.
  4. Formulação de pedidos claros – Propor ações concretas que possam atender às necessidades de ambas as partes.

Para o cidadão comum: mais conexão, menos conflito

A prática da CNV não exige formação técnica — exige conscientização e intenção genuína de se conectar com o outro. Imagine um pai e um filho em conflito, ou dois vizinhos discutindo sobre barulho. Em vez de dizer “Você é irresponsável!”, pode-se dizer:

“Quando você ouve música alta depois das 22h, me sinto incomodado porque preciso descansar para o trabalho. Você pode abaixar o volume ou usar fones de ouvido nesses horários?”

Esse tipo de linguagem evita ataques pessoais e cria espaço para colaboração e entendimento mútuo, sem abrir mão de autenticidade.

Para o meio acadêmico: a linguagem como prática social e transformadora

A CNV tem sido objeto de estudo nas áreas de psicologia, pedagogia, mediação de conflitos, sociologia e linguística. Sua abordagem interdisciplinar permite conexões com as teorias da linguagem como instrumento de poder (Foucault), com os atos de fala (Austin e Searle) e com abordagens fenomenológicas da escuta ativa e da empatia.

Além disso, é um método amplamente aplicado em projetos de Justiça Restaurativa, educação emocional e formação de lideranças comunitárias, tendo sido adotado por escolas, centros de mediação e programas sociais no Brasil e no exterior.

Para os operadores do Direito: CNV e a humanização da justiça

No campo jurídico, a CNV se destaca como ferramenta de diálogo para magistrados, promotores, defensores públicos, advogados e mediadores. Associada aos princípios da Justiça Restaurativa, ela permite que vítimas, ofensores e comunidade possam ser ouvidos de forma respeitosa, promovendo reparação, responsabilização e reintegração social, em vez de meramente punição.

Como destaca o magistrado Leoberto Brancher, a aplicação da CNV tem revolucionado práticas institucionais e intersetoriais em áreas como Justiça, saúde, educação, segurança pública e assistência social, promovendo um novo paradigma de convivência cidadã.

Um convite à mudança

Mais do que um método, a Comunicação Não-Violenta representa uma postura ética e relacional, alinhada aos direitos humanos, à cultura de paz e à dignidade da pessoa. É um convite para que revemos nossos padrões de fala, escuta e julgamento, tanto nas pequenas interações do cotidiano quanto nas grandes decisões institucionais.

Ao aprendermos a reconhecer nossas necessidades e as dos outros, construímos pontes onde antes havia muros — e damos um passo real para a construção de uma sociedade mais justa, compassiva e democrática.