
A Mediação como Ponte de Reconstrução no Caso Brumadinho
Em meio a um dos episódios mais dolorosos da história recente do Brasil — o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), ocorrido em 25 de janeiro de 2019 — uma resposta da Justiça brasileira tem se destacado não apenas pela sua efetividade, mas, sobretudo, pela sensibilidade: a mediação promovida pelo Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal Superior do Trabalho (CEJUSC-TST).
Uma tragédia que não pode ser esquecida
O desastre ambiental e humano de Brumadinho resultou na morte de 272 pessoas, incluindo dois nascituros. Diante de uma tragédia dessa magnitude, a simples aplicação da lei não bastava. Era necessário mais: era preciso escuta, empatia e articulação institucional.
Foi nesse contexto que o CEJUSC-TST assumiu protagonismo. A partir de fevereiro de 2025, o centro iniciou sessões de mediação envolvendo representantes das famílias das vítimas, Ministério Público do Trabalho, Defensorias Públicas, a mineradora Vale e a Justiça do Trabalho. O objetivo: buscar uma solução célere, justa e digna para a reparação trabalhista das vítimas.
Um acordo histórico
O resultado desse esforço coletivo foi a homologação de um acordo trabalhista em abril de 2025, que inclui todas as vítimas da tragédia, inclusive os nascituros, e garante o pagamento de indenizações por danos morais e materiais às famílias.
Até julho de 2025, 116 famílias já haviam aderido ao acordo, com pagamentos garantidos até 1º de agosto de 2025. A adesão permanece aberta até julho de 2026, respeitando o tempo de cada família, com o suporte de audiências acolhedoras e equipes capacitadas para escuta humanizada.
O papel essencial do CEJUSC
O que diferencia essa iniciativa é justamente o método escolhido: a mediação. Longe de ser um procedimento informal ou alternativo menor, a mediação tem se consolidado como instrumento legítimo e altamente eficaz na resolução de conflitos complexos, especialmente quando envolve múltiplas partes e dores imensuráveis.
O CEJUSC-TST mostrou que a mediação pode ser mais que uma técnica — ela pode ser uma ferramenta de justiça restaurativa, permitindo que as vozes das vítimas sejam ouvidas, respeitadas e acolhidas.
Uma justiça que escuta, também cura
Em um tempo marcado por judicializações intermináveis e respostas tardias, a atuação do CEJUSC-TST no caso Brumadinho representa um marco de como a Justiça pode se renovar por meio do diálogo. Mais do que indenizações, o que está sendo entregue às famílias é dignidade e reconhecimento.
A mediação, neste caso, foi o caminho que uniu técnica, legalidade e humanidade. E talvez, justamente por isso, tenha se mostrado tão eficaz.
📌 Conclusão
Quando a Justiça se dispõe a escutar com profundidade, ela não apenas julga — ela transforma. O trabalho do CEJUSC-TST em Brumadinho é a prova viva de que a mediação não é um meio alternativo, mas sim um caminho essencial para uma justiça verdadeiramente humana.